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Vampiro brasileiro

Polícia comprova que 'vampiro de Prudente' afinou dentes caninos

Depois de um exame dentário realizado nesta quinta-feira, a polícia comprovou que Vandeir Máximo da Silva, de 27 anos, afinou os dentes caninos para que ficassem parecidos com os de um vampiro. O delegado Dirceu Gravina, que cuida das investigações no 4º Distrito Policial de Presidente Prudente, a 549 quilômetros de São Paulo, disse que Vandeir fez várias restaurações com o propósito de deixar os caninos pontiagudos.

O dentista que acompanhou o exame chegou a esta conclusão após analisar a arcada dentária de Vandeir, que ficou conhecido como o 'vampiro de Presidente Prudente'.

Ele é suspeito de ter chupado o sangue de 17 adolescentes.

Vandeir confirmou que o aspecto pontiagudo de seus dois caninos são resultado de uma restauração.

- Eles eram meio defeituosos e fiz uma restauração. Acabou ficando estranho - diz ele, que se apresentava como Wlad Hacamia.

Nesta quinta-feira, um molde de sua arcada foi tirado e a polícia quer saber se as mordidas e os ferimentos encontrados nos adolescentes foram feitos por ele. O resultado deve ficar pronto em 8 dias. O delegado disse que vai pedir nos próximos dias ao juiz um exame de sanidade mental.

Bem-articulado e tranqüilo, Vandeir Máximo da Silva, de 27 anos, nega que tenha chupado sangue dos jovens. Ele disse que os adolescentes da seita Legião dos Salvadores do Mundo, da qual seria o líder, se autoflagelavam.

- Os machucados que eles mostraram à polícia são de autoflagelação. Como eu disse ao delegado, eu aconselhava essa molecada a parar com isso - afirma.

À polícia, os adolescentes afirmaram que os caninos de Vandeir eram usados nas sessões de iniciação da seita. O 'vampiro' exigiria dos candidatos que o deixasse chupar sangue, que era conseguido com cortes ou mordidas.

Vandeir diz que não existe qualquer seita, apenas uma comunidade no Orkut chamada Anjos Rebeldes e se diz completamente inofensivo.

O acusado é fã confesso de histórias de vampiros, de terror, além de rock.

- Esses adolescentes me procuraram porque viram meu perfil no Orkut. Eles sabiam que eu tinha interesse por essas coisas, por filmes de vampiros, e começaram a me procurar. A gente sentava e conversa na praça perto da minha casa, mas não tinha nada demais - afirma.

Silva diz que é gótico e budista e nega que gostasse de passear em cemitérios. Afirma que prefere templos como o do Solo Sagrado, nas margens da Represa de Guarapiranga, na zona sul da capital.

- Contei para os meninos sobre esse templo, durante uma conversa sobre "paisagens", e os pais deles entenderam tudo errado e falaram que eu prometia levá-los para conhecer castelos - diz Silva, que classifica como 'horríveis' as denúncias contra ele e, por isso, não quer falar sobre elas.

O rapaz reclama, porém, que está sendo vítima de trotes, tanto no trabalho como na casa dos pais, onde mora há alguns meses.

Mas ri ao falar sobre o

comentário da irmã, que contou que ele maltratava animais na infância, afogando patos e colocando fogo nos cachorros da família.

- Quem nunca fez uma maldade com animal quando pequeno? A gente sempre fica cutucando. Mas jamais faria isso com gente - diz ele.

Susy Máximo da Silva, irmã de Silva, diz que ele tinha um comportamento bastante estranho quando era criança.

- Lá em casa a gente até perdeu a conta de quantos patos ele afogou quando era pequeno. Ele era muito hiperativo, arrancava cabeças de lagartixas e colocava fogo nos cachorros da família - diz Susy, que classificou o comportamento dele como 'abobado'.

De acordo com a irmã, o suposto vampiro sempre teve comportamento abobado. Quando criança, tinha poucos amigos, porque brigava muito. Vandeir, atualmente auxiliar-geral em uma empresa de reciclagem, estudou até a 4ª série e é incapaz de fazer contas simples de aritmética. Susy disse que, atualmente, o irmão é cercado de adolescentes e jovens, com quem sai para praças da cidade vestido de preto.

- Os vizinhos ficavam até loucos, porque muitas pessoas ligavam para o orelhão da casa em frente onde ele morava - conta.

Vandeir, que tem 27 anos, ficou cerca de 6 anos casado. Separou-se no início do ano passado. Tem duas filhas, de 2 e 3 anos, que moram em uma cidade vizinha. Apesar de ser abobado e 'viver fora da realidade', segundo a irmã, Vandeir tem comportamento exemplar como pai. Susy conta que ele liga para as meninas todos os dias e sempre as leva para passear.

Para a irmã, ele vive fora da realidade, imitando personagens de filmes de luta e de terror.

- Ele é dócil, mas está sempre imitando personagens de filmes, como uma criança. Ele costuma ouvir rock pauleira e sempre se veste de preto. É bem estranho - conta.

Apesar do comportamento infantil e atípico, Susy acredita que o irmão não tenha bebido sangue de adolescentes. Segundo ela, a história deve ter sido invenção de jovens que zombam da demência do auxiliar-geral.

- Ele, depois de criança, nunca mais apresentou comportamento agressivo. Ele vive de forma estranha, mas nunca violentou ninguém.

O delegado Dirceu Gravina fez buscas na casa de Vandeir para tentar achar lentes de contato ou próteses que seriam usadas nos dentes caninos quando ele supostamente atacava os adolescentes. As vítimas contaram que, quando eram atacadas, o 'vampiro' ficava com os 'olhos coloridos e dentes grandes'. Nada foi encontrado.

O suspeito também passou por um exame médico e foi constatada uma cifose dorsal acentuada, o que significa que Vandeir é corcunda. Ele dizia aos jovens da seita que tinha 'asas nas costas'.

A polícia abriu inquérito para averiguar lesão corporal. Até agora, a polícia já ouviu 7 rapazes. O delegado Gravina disse que ficou surpreso com a facilidade com que os jovens foram influenciados por Vandeir. Segundo ele, os adolescentes são muito dóceis. Gravina disse que até agora não há comprovação de que havia drogas e sexo nas reuniões das seitas.

O grupo costuma se reunir em praças e cemitérios da cidade. O 'vampiro' estaria sempre vestido de preto. O delegado afirmou que vai pedir a prisão preventiva dele se for comprovado que os adolescentes foram violentados ou estimulados a auto-flagelação.